O futuro da Otorrinolaringologia
16/05/2001
Professor Aroldo Miniti fala sobre avanços na otorrino e expectativas futuras para a medicina
Início do século 21. Era da tecnologia, da informação, da velocidade. Hoje tudo se resolve de maneira mais simples, rápida e eficaz. E como fica a Medicina no meio tudo isso? Quais foram os principais avanços e quais serão os próximos caminhos a ser trilhados a partir do desenvolvimento científico e tecnológico? O que mais se pode esperar? O que se pensa dentro da academia e dos consultórios como próximas soluções?

Todas estas questões podem ser dirigidas também para a especialidade da otorrinolaringologia. É difícil prever o futuro, no entanto a simples análise do presente nos ajuda a esclarecer pontos e evidencia o progresso que vem ocorrendo e ainda está longe de acabar.

Esse assunto foi colocado em pauta em uma conversa informal com o professor Aroldo Miniti. Ele admitiu não ter bola de cristal mas vislumbrou possibilidades de avanço e mudanças e, acima de tudo, delineou uma clara linha de evolução da prática da otorrino.

Melhor prevenir que remediar

Segundo o professor, a profilaxia deve ser a mais importante solução para os problemas otorrinolaringológicos no futuro. Ou melhor, a prevenção vai dar um tempo para as soluções. Isso porque cada vez mais os médicos compreendem que prevenir é o melhor remédio.

A prevenção será um instrumento fundamental, por exemplo, no combate às alergias respiratórias, casos tão freqüentes nos consultórios médicos. Uma vez que a população estiver consciente de que a limpeza do ambiente, a redução do número de bichinhos de pelúcia ou animais de estimação interferem diretamente nas alergias, o número de doentes baixará progressivamente.

Da mesma forma, as doenças de ouvido poderão ser evitadas. Campanhas de vacinação contra a rubéola é um importante passo neste sentido, pois a possibilidade de uma mãe que tiver a doença durante a gravidez gerar uma criança surda é de mais de 80%. Por sinal, todas as campanhas não só são muito bem-vindas como também necessárias. O diagnóstico precoce de deficiência auditiva, por exemplo, é essencial para a terapêutica e para o relacionamento social da criança. É evidente que o avanço de pesquisas na área médica tem produzido remédios cada vez mais eficientes na cura das doenças. No entanto, os medicamentos não curam o doente. E é por esta razão que dr.Aroldo enfatiza que a medicina preventiva é o destino de qualquer especialidade, inclusive o da otorrinolaringologia.

A tecnologia a serviço da ciência

O avanço técnico na medicina também é incontestável e vêm aumentado significativamente a qualidade de vida da população. Na otorrino, especificamente, os implantes cocleares já podem trazer sons para crianças que nascem surdas. Esta técnica consiste em implantar na cóclea microeletrodos com processadores que vão transformar a palavra humana em impulsos elétricos, fazendo com que o nervo auditivo compense as funções da cóclea. Através desse método artificial, a pessoa passa a aprender a ouvir novamente. Aparelhos de surdez digitais também são alternativas para os que sofrem de perda de audição moderada.

As cirurgias, por sinal, já não são tão freqüentes como costumavam ser. As medidas profiláticas e a evolução técnica e de equipamentos são os grandes responsáveis por isso. Mas quando são necessárias, elas já não apresentam tanto risco ou desconforto ao paciente. Hoje existem microinstrumentais que permitem fazer cirurgias endonasais ou de ouvido sem a necessidade de cortes. O resultado é uma intervenção mais rápida e um pós-operatório muito mais tolerável. Equipamentos a laser ou radiofreqüência já são utilizados em larga escala. Com o desenvolvimento de técnicas operatórias também se diminui o tempo de internação, distanciando o risco de infecções hospitalares. A capacitação técnica e profissional traça uma tendência de que cada vez mais sejam aplicadas anestesias locais em detrimento das gerais, diminuindo os riscos. Todos os benefícios vêm de encontro a médicos e pacientes. Com tantos avanços é de se esperar que a otorrinolaringologia caminhe para a subespecialização. Esta tendência se explica não só pelas aptidões e gostos pessoais dos médicos como também pelo surgimentos de novas técnicas e equipamentos que exigem capacitação especializada.

Acompanhando os avanços

No meio de uma evolução tão rápida, surge a pergunta: os curso de medicina acompanham este desenvolvimento? Segundo o professor da Faculdade de Medicina da USP, a carga horária de 60 horas dedicada a especialidade da otorrino deveria ser aumentada, mas não existem muitas expectativas para isso. Para acompanhar as mudanças não só os alunos como os médicos já formados estão sempre em busca de cursos para atualizar o seu conhecimento. Afinal, nesta era da ciência e da tecnologia um curto espaço de tempo parece uma eternidade em termos de avanços e descobertas. Neste ritmo podemos talvez arriscar em consultas virtuais ou cirurgias a longa distância executadas por robôs, quem sabe? O professor Aroldo não arrisca tanto – para ele o futuro é preventivo, o resto é especulação.


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